segunda-feira, 23 de abril de 2012

Game "Jogar Engenheiro Colorido" - Reflexões!

Olá!

Busquei agora à noite, neste Feriado de São Jorge (23 de abril), um game (no sentido de digital) de forma aleatória - mais ou menos aleatória!

Assim, estive a procurar algum game "oficialmente" epistêmico, ou seja, criado a partir de práticas profissionais - tais como de engenharia, arquitetura, jornalismo, administração etc. Este tipo de game busca desenvolver a estrutura epistêmica de uma profissão. Não procurei muito! Estava com algumas indicações, como o Digital Zoo e o Urban Science, mas percebi que são vendidos - nada free.

Deste modo, acabei por acessar o endereço . Neste, escolhi o Jogar Engenheiro Colorido. Interessante que eu, ao acessar a página do Game, vi logo as "Informações sobre o Jogo".

A minha herança de aprendizagem através do texto escrito logo me fez parar para ler as poucas linhas disponibilizadas. A questão do aprender aprendendo, ou seja, descobrir as regras e objetivos do Game simplesmente através da prática, como parece que os “nativos digitais” ou as crianças fazem, não foi a opção escolhida por mim. Na verdade, li duas vezes o texto, pois não compreendi muito bem a mensagem do mesmo.

Bem ... ao ver o Game Start - Go, cliquei e lembrei de vivenciar o "fluxo" - conforme Mihaly Czikszentmihalyi. Será que eu iria abrir mão de um "senso crítico" mais forte do que o "estado de fluxo" em si? Comecei a jogar e vi que o Game era muito próximo a tantos outros que existem free no ambiente online.

Comecei a jogar e vi que o Game apresentava Fases e que conforme eu alinhava e explodia blocos coloridos afins eu ganhava pontuação. Na primeira vez fui até ao Nível 4. Tentei sempre descobrir a Lógica ou as regras do Game. Jogava e queria ao mesmo tempo descobrir o que fazia (a Lógica) com que blocos coloridos afins fossem deslocados juntos. Também tentava descobrir o que acionava a mudança de Nível! Acúmulo de pontuação? O que fazer com as dinamites? E com os concretos? Qual seria o uso deles? Caso a velocidade dos Níveis fosse um pouco mais acentuada eu não conseguiria refletir tanto! Lembrava do professor João Mattar e de sua reflexão acerca do fato do "senso crítico" também estar inserido ou fazer parte do "estado de fluxo". O fato de não perceber, com clareza, a Lógica do Game, digo das sequências, ou seja, isto sempre acontece se isto antes acontecer etc., fazia-se mais presente em mim. Bem ... parei Nível 4! Perdi!

Comecei então a escrever estas linhas e decidi retomar o Game. Creio que aprendi que quando eu marcava uma cor específica, todas as peças da mesma cor também eram arrastadas juntas. Creio (tudo crença e sem certezas absolutas) que também aprendi que com três peças juntas elas explodiam e eu ganhava mais tempo e pontuação. Mas em alguns momentos tive a percepção ou a sensação de que isto não aconteceu. Creio que às vezes somente com quatro peças juntas algo acontecia de fato. Às vezes outras peças, de outras cores, também explodiam juntas. Por quê? Como prever isto?

Assim, fui passando de Nível mais lançado no “estado de fluxo” e, de forma deliberada, menos crítico ou racionalista. Será que é deste modo que as crianças jogam e ficam tomadas e "viciadas" nos Games em geral? Creio que eu descobri a usar as dinamites, ou seja, elas podiam ser arrastadas e algo explodia em toda a coluna. Mas não percebi se eu perdia (se era penalizado) ou se eu ganhava algo com isto – nem que fosse mais tempo. A velocidade aumentava gradativamente. Pouco me importava a Lógica. Via somente as cores e procurava, o mais rápido possível, unir as mesmas. Percebi-me ansioso e lembrei-me da obra Homo Ludens (de Johan Huizinga). Passava de Nível – sem saber ao certo do porquê! Fui até ao Nível oito e “perdi”. Mas já estava avaliando o Game como de certa forma chato! Na verdade, a ansiedade que gerei em mim me perturbou!

O que aprendi com o Game? Deveria ter aprendido algo? Talvez tenha aprendido não em termos de conceitos na hora ... mas creio que agora possa estar aprendendo alguma coisa. Pela Descrição do Game temos “Este jogo é bastante divertido, pois trata-se de um engenheiro civil que tem uns tijolos de cor, isto é uma epidemia neste trabalho aparecerm tijolos de cor de todo o lado, este engenhero tem que trabalhar muito para conseguir limpar o seu local de trabalho. Este jogo é muito divertido, aprende as cores e diverte-te a jogar. Este engenheiro quando está cansado vai buscar dinamite e explode com os tijolos de cor, mas não consegue rebentar com todos, só com alguns. Escolhe bem qual deles quer.” Diz, ainda, que somente o mouse será necessário – de fato foi.

Bem ... não considerei o Game divertido não, mas posso pensar de forma restrita que o Game é para crianças! Tudo bem então, né? Então posso ter aprendido a tomar decisões de forma mais rápida e precisa! Posso ter dinamizado a minha visão global e ao mesmo tempo ter refinado, naquelas ocasiões, a minha visão específica! Posso ter aprendido algo relacionado à visão estratégica! Etc. Tudo bem ... mas quando mergulhei no “estado de fluxo”, imersivo (será que consegui mesmo?), não pratiquei o processo do “senso crítico” de forma paralela não! Pelo menos não percebi isto! Seria possível perceber?

Na verdade, percebi um estado de ansiedade aumentando pelo fato de ser “obrigado” a tomar a decisão certa e de agir certo tendo n variáveis em jogo e o tempo a passar e a diminuir! Lembro agora do meu sobrinho de 7 anos a me chamar e me dizer feliz que passou de Fase nos seus Games, tais como Ben 10, Batman, Scooby Doo etc. etc. etc. Mas isto é tudo? Este é o Objetivo? Passar de Fase sob imersão e às vezes de forma quase “hipnótica”?

Há tantas questões, inclusive éticas e de aprendizagem, no contexto dos Games & Educação Infantil e Infanto Juvenil ...

Compartilhei agora com vocês bem menos críticas negativas e muito mais dúvidas e estados de reflexão.

É isto! Abraços e tudo de bom!

Jacks.

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